TEU PERFUME


Deito–me no silêncio, em vão… 


Tua moldura


vela-me a noite, ainda com afeto…


Ao lado, teu perfume predileto,


num azulado frasco, fulgura…


A noite é longa ainda. E um cortinado leve


guarda–me as horas com cumplicidade,


com a tenuidade da brisa leve


e a luz dos prismas altos da cidade…


E esta saudade que me fere,


me angustia…


Esta incerteza atroz que me apunhala…


Tanta coisa de ti a tua ausência fala...


Como presença suave, porém fria…


E após, na madrugada, tudo se resume


num raio de luz, uma fotografia 


e um aroma sutil do teu perfume.

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